Por Ana Clara Santana
CCBB, Teatro III, 2° andar, Rio de Janeiro. O público demonstrava um misto de ansiedade e empolgação naquela tarde chuvosa de sábado. O auditório do teatro estava no escuro - nem as luzes dos refletores haviam sido acesas. O frio do ar-condicionado fazia lembrar o dia cinza lá de fora. De repente, um homem alto, cabelos longos, descalço, passava de cadeira em cadeira procurando algo. Ninguém sabia o que exatamente ele estava procurando, mas ele roubou a cena. As luzes dos refletores se acenderam e o homem misterioso, em um piscar de olhos, estava no palco. Perto dele, instrumentos um tanto quanto curiosos. O homem alto começou a tocar uma espécie de flauta cujo som lembrava um assobio que logo descobrimos ser um chamado para a próxima figura que entraria em cena: uma bela mulher de cabelos dourados e movimentos corporais rápidos e perfeitos que lembravam movimentos da natureza - vento, água, corredeira.
Aos poucos, através de atitudes sem palavras, eles atraíram pessoas para que se aproximassem do palco. Pessoas diferentes, com diferentes formas de estar no mundo. Crianças, adultos e idosos ocuparam o palco e cada um expressava o que o músico queria com um instrumento diferente nas mãos. De uma forma inédita e espetacular, foi surgindo uma mistura de sons dos instrumentos sendo tocados simultaneamente. Na tela ao fundo, imagens que, levada pelos sons , evocavam as imagens projetadas em um telão ao fundo. O que tinha tudo pra se transformar em um caos, tornou-se harmônico e diferente de tudo o que você já vivenciou. Chamo “vivenciar” porque esse espetáculo representa um acontecimento, uma experiência única e extraordinária. Os instrumentos das pessoas de diferentes idades te levam a uma floresta que faz ter vontade de dançar e se libertar junto com a mãe natureza.
Comments